review de livros

Rizoma

Estou lendo o livro “1000 Platôs Vol.1” de Félix Guattari e Gilles Deleuze pra pesquisar mais a fundo o conceito do Rizoma, para meu projeto de graduação.

Os dois filósofos gastaram várias páginas de parágrafos imensos e com uma linguagem muito rebuscada pra explicarem o Rizoma, então não vai ser eu que vou explicar em um simples post esse conceito tão universal que é formado por vários outros aos quais vou transcrever alguns trechos:

Pág. 11, Primeiro Parágrafo:

“Escrevemos o Anti-Édipo a dois. Como cada um de nós era vários, já era muita gente. Utilizamos tudo o que nos aproximava, o mais próximo e o mais distante. Distribuímos hábeis pseudônimos para dissimular. Por que preservamos nossos nomes? Por hábito, exclusivamente por hábito. Para passarmos despercebidos. Para tornar imperceptível, não a nós mesmos, mas o que nos faz agir, experimentar ou pensar. E, finalmente, porque é agradável falar como todo mundo e dizer o sol nasce, quando todo mundo sabe que essa é apenas uma maneira de falar. Não chegar ao ponto em que não se diz mais EU, mas ao ponto em que já não tem qualquer importância dizer ou não dizer EU. Não somos mais nós mesmos. Cada um reconhecerá os seus. Fomos ajudados, aspirados, multiplicados.”

“Um livro não tem objeto nem sujeito; é feito de matérias diferentemente formadas, de datas e velocidades muito diferentes. Desde que se atribui um livro a um sujeito, negligencia-se este trabalho das matérias e a exterioridade de suas correlações.”

Coloquei essa parte só pra exemplificar como os dois se consideram um rizoma ao ponto de “se excluírem deles mesmos”, e torná-los múltiplos, comum(?).

Pág 15. Segundo parágrafo

“Qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo. É muito diferente da árvore ou da raiz que fixam um ponto, uma ordem. A árvore linguística à maneira de Chomsky começa ainda num ponto S e procede por dicotomia. Num rizoma, ao contrário, cada traço não remete necessariamente a um traço linguístico: cadeias semióticas de toda natureza são aí conectadas a modos de codificação muito diversos, cadeias biológicas, políticas, econômicas, etc., colocando em jogo nao somente regismes de signos diferentes, mas também estatutos de estados de coisas.[…] Um rizoma não cessaria de conextar cadeias semióticas, organizações de poder, ocorrências que remeter às artes, às ciências, às lutas sociais. Uma cadeia semiótica e como um tubérculo que aflomera atos muito diversos, lingu’sticos, mas também perceptivos, mímicos, gestuais, cogitativos: não existe língua em si, nem universalidade da linguagem, mas um concurso de dialetos, de patoás, de gírias, de línguas especiais.[…] A língua se estabiliza em torno de uma paróquia, de um bispado, de uma capital. Ela faz bulbo. Ela evolui por hastes e fluxos subterrâneos, ao longo de vales fluviais ou de linhas de estradas de ferro, espalha-se como manchas de óleo.”

Pág. 16 – Segundo Parágrafo

“Os fios da marionete, considerados como rizoma ou multiplicidade, não remetem á vontade suposta una de um artista ou de um operador, mas à multiplicidade das fibras nervosas que formam por sua vez uma outra marionete seguindo outras dimensões conectadas às primeiras.”[…] Não existem pontos ou posições num rizoma como se encontra numa estrutura, numa árvore, numa raiz. Existem somente linhas.[…] As multiplicidades se definem pelo fora: pela linha abstrata, linha de fuga ou de desterritorialização segundo a qual elas mudam de natureza ao se conectarem às outras. O plano de consistência (grade) é o fora de todas as multiplicidades.”

Pág. 18 Terceiro parágrafo

“Como é possível que os movimentos de desterritorialização e os processos de reterritorialização não fossem relativos, não estivessem em perpétua ramificação, presos uns aos outros? A orquídea se desterritorializa, formando uma imagem, um decalque de vespa; mas a vespa se reterritorializa sobre esta imagem. A vespa se desterritorializa, no entenato, tornando-se ela mesma uma peça no aparelho de reproduçao da orquídea; mas ela reterritorializa a orquídea, transportando o pólen. A vespa e a orquídea fazem rizoma em sua heterogeneidade.”


O poder da cultura

A Expurgação vai comer solta junto com várias outras atrações circenses, transmissão ao vivo pela internet no Bolor Arts, que pode ser acompanhada pelo link http://bolorarts.blogspot.com/2010/03/bolor-live-arts.html , exposição de fotos e trabalhos artísticos, instalações interativas e muita gente bacana!

A entrada é franca, compareça! Confira o Mapa do local abaixo!


Planolândia / Edwin Abbott

Planolândia Quantas dimensões existem? Três? Quatro? Cinco? Onze ou doze? Esse assunto ainda gera discussões entre os físicos, que mergulham em cálculos para responder a questão.

Em 1884, quando Einstein ainda usava calças curtas e o tempo ainda não era considerado a quarta dimensão, Edwin A. Abbott escreveu um romance chamado Planolândia (do inglês Flatland). Trata-se de um universo bidimensional, onde vivem triângulos, pentágonos, círculos e outras figuras geométricas, como o quadrado, narrador da história. Apesar de ter sido escrito há mais de um século, a história cabe como uma luva no contexto atual.

As figuras geométricas se dividem em classes, assim como a nossa sociedade. O que as diferencia, porém, é a quantidade de lados de cada polígono, que vão desde as mulheres – representadas na história por linhas – até o sumo-sacerdote, um polígono de tantos lados que se assemelha a um círculo. No meio dessa história, tantas outras figuras vivem e se socializam no universo de duas dimensões de Planolândia. O texto é acompanhado de algumas ilustrações, para que o leitor possa entender como as coisas funcionam em Planolândia, como os polígonos vêem, se reconhecem e, principalmente, como é a divisão social, os cargos e os papéis que eles representam na pirâmide hierárquica.

Como os seres de um universo bidimensional reagiriam com a suposição de que existe mais uma dimensão? Como o quadrado a descobre e que risco corre ao tentar contar algo indizível para as outras figuras? Essas são perguntas que serão respondidas no decorrer da história e você ficará surpreso com a atualidade e pertinência das conclusões que irá ter ao final do livro.

Compre o livro em um sebo.


Artista e Designer / Bruno Munari

“O Artista é autor de peças raras, únicas, feitas pelas própria mãos. Trabalha de um modo pessoal, procurando exprimir, numa linguagem caracterizada visualmente por um estilo próprio as sensações que nascem nele segundo os estímulos que recebe do mundo em que vive: Trabalha para si próprio e para um elite que a possa entender.”

Pág. 25 – 4 parágrafo.

“Suponhamos que existe uma sociedade de gente corrupta, de interesseiros e especuladores, de parasitas, de ignorantes e por isso presunçosos, de hipócritas e desonestos, de aldrabões, de intriguistas, de reacionários e conservadores. Uma sociedade em que um tipo de sugestão religiosa bem planeado é imposto aos indivíduos com lavagens ao cérebro na infância (idade em que o caracter do indivíduo se forma e se mantém para toda a vida), com a finalidade de manter o povo na ignorância e camuflar obscuras manobras financeiras. Então neste tipo de sociedade, teremos um elite composta pelo que há de mais interesseiro, corrupto, de mais hipócrita, de mais reacionário e assim por diante.
[…]
Dado o nível cultural imaginável um tipo de elite como a que referimos, haverá preferência pelas encomendas no sentido de um tipo de arte que imite servilmente, ao nível mais baixo possível, se não mesmo de algo que nada tem de arte.
[…]
Outros aceitarão em vez disso uma arte qualquer, que até pode ser incompreensível desde que seja reconhecível, mas necessariamente a altíssimo preço.”

Pág. 25 e 26 5 paragrafo.